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6 dicas para cientistas sobre ensino eficaz


Sou uma cientista com paixão pela ciência e pela educação. Esta paixão levou-me ao mundo da comunicação científica. Comecei a mergulhar neste mundo há quatro anos, quando - tenho de confessar - sabia tanto sobre educação quanto um não-cientista sabe sobre bactérias (o meu objeto de estudo no laboratório). Após muitas horas dedicadas a organizar, ministrar e melhorar mais de 100 oficinas de ciência para crianças em idade escolar, e depois de participar num curso de verão ministrado de forma competente por Rosie Tanner e Elma Zijderveld na Universidade de Utrecht (Países Baixos), percebo que aprendi algumas lições valiosas durante esta jornada. Portanto, gostaria de partilhar convosco as minhas 6 principais dicas para cientistas sobre ensino eficaz:

  1. Comece por ativar o conhecimento prévio. Comece com o básico, como uma pergunta fácil de responder ou uma imagem ou história reconhecível. Esta estratégia não só coloca as crianças à vontade, como também prepara o cenário para o tema que pretende ensinar. Em geral, é mais fácil aprender se construir sobre o conhecimento existente ao qual se pode relacionar, do que tentar aprender algo totalmente do zero.

  2. Escolha tipos diversificados de material de apoio. Existem oito tipos de inteligências (visual-espacial, verbal-linguística, lógico-matemática, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, musical-rítmica e naturalista) e, embora todos possuam todas elas, geralmente há uma ou duas inteligências que são dominantes em cada pessoa. Ao ensinar, é importante considerar todas as diferentes formas como a informação pode ser apresentada (como imagem, texto, gráficos, atividade, ...) para envolver o maior número possível de estudantes.

  3. Dê tempo para a informação ser assimilada. Atualmente, o tempo é o bem mais precioso do mundo, mas apressar-se a passar informações e abordar as coisas rapidamente não ajuda na aprendizagem ou memorização. O momento do “aha!” precisa de tempo para acontecer, por isso, se realmente quer ensinar de forma eficaz, lembre-se que, muitas vezes, menos é mais.

  4. Estimule a discussão. As aulas convencionais na escola são baseadas em ouvir, ler ou escrever. No entanto, a menos que esteja muito motivado para aprender algo, pode ser difícil manter o foco durante toda a duração da aula. A maioria das pessoas concorda que é mais fácil lembrar-se de algo quando o cria ou experimenta em primeira mão, do que apenas lendo ou ouvindo. Uma atividade de fala, como um debate ou discussão, permite às crianças expressar as suas próprias opiniões, envolver-se no seu próprio processo de aprendizagem e comunicar as suas ideias aos outros. Falar sobre um tópico ajuda as crianças a consolidar melhor o que estão a aprender. Assim, um debate ou discussão constitui uma ferramenta valiosa para o ensino eficaz.

  5. Guie a compreensão. Seja claro sobre o que espera das crianças e oriente a compreensão deles sobre o tema. Por exemplo, se utilizar um vídeo com um novo tema, defina e partilhe objetivos específicos para este exercício antes de mostrar o vídeo, para que as crianças saibam o que procurar. Se não informar as crianças sobre o que devem prestar atenção, podem distrair-se ou focar-se em algo que é irrelevante para o que pretende explicar. Isto também se aplica a artigos ou textos de leitura. Se quer que as crianças compreendam ou extraiam informações relevantes de um texto, guie a compreensão deles desde o início, fazendo perguntas como: O que os autores estão a tentar compreender? Que métodos utilizaram? Que desafios enfrentaram? etc.

  6. Conte 10 elefantes após fazer uma pergunta. Quando faz uma pergunta e quer que os seus estudantes respondam, pode parecer uma eternidade até ver a primeira mão levantada. Dê às suas crianças algum tempo para processarem a informação fornecida e formularem a sua contribuição. Isto é particularmente importante no ensino bilingue, pois as crianças podem sentir-se inseguros ou menos à vontade na língua nativa. Portanto, lembre-se de ser sempre paciente.

Sobre o autor: Joana Moscoso

Fundadora e diretora da Native Scientists. A Joana também trabalha como pós doutorada no i3s, o maior instituto de investigação em Portugal. Ela está a tentar compreender como as bactérias causam infeções. A Joana gosta de viajar pelo mundo e já viveu na Suécia, Austrália e Reino Unido. Fala 3 línguas, adora passar tempo com amigos e comida. Sonha em ter o seu próprio restaurante um dia..

Leitura adicional:

- inteligências múltiplas:

- pirâmide de aprendizagem:

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